Pois esta semana que passou tive de me deslocar até lá de novo, o grande problema das casas de férias que estão longe é a manutenção, há sempre algo que se avaria e ninguém por perto para reparar. Lá fui até Vilar acompanhado da minha mãe e do meu irmão, e ao passar de Esposende já se viam no horizonte as gigantescas colunas de fumo dos fogos florestais que têm flagelado o Alto Minho. Vêem-se helicópteros a sobrevoar as frentes… não se sabe muito bem a fazer o quê. Nas notícias só se ouvem novas ocorrências de hora a hora… pergunto-me se haverá assim tantos alcoólicos e tontinhos que ateiam fogos? Vocês não se perguntam porquê? E porque é que as ocorrências de incêndios aumentam exponencialmente no mês de Agosto? Eis a minha teoria da conspiração: Agosto é o mês em que os ventos são mais inconstantes na sua direcção e sopram todos os dias, ora soa um bocado rebuscado que um doente mental (ou tontinhos como gostam de lhes chamar no Minho) ou um alcoólico tenham o discernimento para planear atear 4 ou 5 incêndios ao mesmo tempo em sítios diferentes com uma precisão geométrica. Ninguém questiona, ninguém se revolta… estranho não? Desta vez o fogo bateu-me à porta, e às dez da noite do dia 15 de Agosto, uma frente de chamas avançava sobre Vilar como um rio lava incandescente, incenerando tudo no seu caminho. Fazem-se chamadas para 117, mas a resposta da Coordenação da Protecção Civil é : “Aguentem-se como puderem.” Compreendo a falta de homens para combater tanto fogo ao mesmo tempo, mas o facto é que o fogo em Vilar foi parado por gentes da terra, apenas armados de sacholas e de ramos de árvore. Faz-nos pensar não?
O fogo foi combatido com o saber ancestral, dos antigos pastores que paravam os fogos com recurso a regos abertos na terra para impedir a passagem das chamas rasteiras e correndo a apagar as faúlhas que se projectam à sua frente. Vi ali um espírito de comunidade e uma entre-ajuda que julgava perdida nos tempos, os sinos da capela tocaram a rebate e todos vieram acudir, até pessoas de outras freguesias vieram ajudar. Talvez não estejamos totalmente perdidos, talvez não estejamos totalmente enxague e ainda haja força para combater a doença que mata esta nação.
Para isso vamos precisar de :
– 2 cavalas médias estripadas e sem cabeça;
– 1 cebola média;
– 2 dentes de alho;
– 1 limão;
– Alecrim;
– Pimenta preta e branca em grão;
– Sal cinza ( é um tipo de sal não refinado que vem de umas salinas em França onde a concentração de argila cinza é grande e daí a sua coloração, encontra-se em algumas lojas gourmet e no Corte Inglés);
Começamos por fazer cortes à largura da cavala como vêem na foto, e num tacho pomos água a ferver, e quando esta atingir a ebulição escaldamos o peixe cerca de 1 minuto. Isto vai facilitar a separação das espinhas e dos filetes nos cortes feitos previamente, sem que o peixe fique completamente cozinhado. De seguida colocamos os filetes num recipiente do género de um pirex e adicionamos a raspa de um limão, o seu sumo e sal cinza a gosto. Numa frigideira coloquem a cebola cortada; com os dentes de alho esmagados; a pimenta em grão, o alecrim e o azeite. Refoguem durante uns minutos sem deixar a cebola alourar, e espalhem por cima do peixe…deixem arrefecer, ponham no frigorífico 1 hora e sirvam com umas fatias de pão alentejano torrado e tomate fresco. Acompanhem com uma mini gelada para apagar estes fogos 😛