Hoje tive um momento raro, juntar à mesa a família e desfrutar de um bom repasto, com muito boa onda…
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Mau tempo….bah…
Isto já começa a enjoar, chuva a toda hora… cheias…vento… não se pode ir a lado nenhum levar as galochas ou quem sabe um barco 😛
Mas nem tudo é mau com chuva, um dos meus ingredientes favoritos na cozinha aparece depois das chuvas, e é giríssimo de vê-los a brotar nas terras em pousio ou nos pinhais e bosques de carvalhos. Estou a falar dos cogumelos, que são um alimento fantástico e envolvido num denso misticismo, já os druidas os utilizavam como parte integrante dos seus ritos religiosos. É um alimento venerado e ao mesmo tempo temido, isto porque, existe só uma pequena percentagem de cogumelos comestíveis, e a maioria restante é tóxica ou mesmo venenosa mortal. Algumas figuras da História terão sido assassinadas com recurso ao veneno dos cogumelos, segundo alguns registos pensa-se que Carlos Magno terá sido assassinado com recurso ao veneno de um cogumelo chamado Amanita Phalloides , que pertence a família dos Amanita muito conhecida pelo Amanita Muscaria ao qual eram atribuídas propriedades místicas, isto por ter alguns elementos alucinógeneos.
Mas hoje não vamos fazer poções, nem quero assustar-vos dando-vos uma ideia que os cogumelos são perigosos. Existem cogumelos comestíveis e outros que são tóxicos, estamos a salvo dos tóxicos porque a maioria dos cogumelos que consumimos são comprados nos mercados ou nas grandes superfícies. É claro que não há que se compare a uma manhã passada no bosque, para colher estas maravilhas da Natureza. Mas não recomendo que o façam! A menos que conheçam muito bem as espécies comestíveis ou que se façam acompanhar de um especialista em micologia… não colham cogumelos no campo! É extremamente perigoso.
Após esta advertência ( eu sou um chato eu sei …mas é para vosso bem !), vamos falar das propriedades fantásticas do cogumelo na gastronomia, e para isso vou sugerir-vos algo que adaptei de um prato que vi o José Avillez fazer, uns cogumelos Portobello recheados com os seus pés e queijo Brie gratinado. Ora como eu não sou um grande fã da maioria dos queijos, pus-me a magicar como poderia fazer aquele prato. Assim sendo vamos tratar de procurar os seguintes ingredientes:
– 1 embalagem de cogumelos Portobello ( encontram-se em quase todas as grandes superfícies, procurem sempre os mais frescos, os que tiverem uma aparência pouco firme … deixem no escaparate);
– Farinheira;
– Requeijão;
– Alecrim fresco;
– Pimenta preta;
– Azeite;
Eu sei que isto pode parecer uma grande falta de higiene, mas por norma não se lavam os cogumelos, isto porque vamos aumentar o índice de humidade dele e fazer com que encolham mais, sem falar de que lhes estamos a tirar propriedades. O que se faz por norma é usar um pincel e com algum cuidado remover alguma terra que possam ter ( na maioria dos casos não é preciso porque os cogumelos vêm de estufas com rigorosas condições de higiene). Vamos começar então por extrair os pés dos cogumelos, cortamos a ponta exterior do pé ( que é natural que tenha uma aparência oxidada), e picamo-los (os pés dos cogumelos). De seguida colocamos os pés numa frigideira previamente aquecida com um fio de azeite, temperamos com um pouco de pimenta e deixamos saltear por uns breves minutos. Posteriormente cortamos um pouco de farinheira, removemos a pele, e adicionamos aos pés dos cogumelos o suficiente para ligar tudo. Deixamos em lume brando o tempo suficiente para a farinheira “derreter” e envolver os pés dos cogumelos… reservamos. Agora vamos pegar nos “chapéus” dos cogumelos e vamos grelhá-los numa chapa, não muito tempo … só o suficiente para lhes dar um tom mais acastanhado. De seguida pegamos numa colher e recheamos os cogumelos com o preparado que fizemos, e por cima disso colocamos requeijão e algumas folhas de alecrim fresco, rectifica-se com pimenta e leva-se ao forno. Vigiem o forno, e só retirem os cogumelos quando o requeijão ficar ligeiramente crestado. Sirvam de imediato… como entrada ou prato principal. Acompanhem com um tinto à altura… um Altas Quintas Colheita 2006 , carregado dos aromas pungentes da Serra de S. Mamede e da mestria do enólogo Paulo Laureano. Podem encontrar este vinho em garrafeiras e grandes superfícies, o seu preço anda na casa dos 20 euros.
Divirtam-se e bons cozinhados!!!
Prazeres simples …
Pergunto-me muitas vezes sobre o sentido que as nossas vidas tomam a determinado ponto… quando começamos a definir prioridades e objectivos. O que é realmente importante? Ser criança…crescer…estudar… procurar trabalho… trabalhar… trabalhar…trabalhar…
Há pouco tempo lia um artigo muito interessante de um jornalista, do qual infelizmente não recordo do nome(este slot de memória está muito danificado), artigo que em traços gerais falava de como criamos os nossos filhos hoje em dia ( não tenho filhos…pelo menos que saiba), os miúdos são imbuídos num espírito de competição anormal, exigindo-se cada vez mais deles… começamos com a escola; depois com o estudo e trabalhos de casa; depois as actividades extra-curriculares que é onde começa o rol : ATL; aulas de apoio ao estudo; ballet; natação… isto são alguns exemplos daquilo a que se sujeitam os miúdos hoje em dia. A pergunta que esse jornalista fazia era: ” Qual é o tempo que lhes sobra para serem crianças?”. Lembro-me quando era miúdo, ia para escola e quando voltava para casa fazia os trabalhos de casa (quase nunca… a minha mãe recebia sempre recados da professora…) e corria para a rua para ir brincar com os outros miúdos, é um facto que eu e outros da minha geração fomos privilegiados na infância que tivemos. Passei a minha infância num ambiente rural, onde as brincadeiras eram fazer casas em árvores e correr atrás das galinhas para lhes arrancar umas penas do rabo ( que índios 😛 ). Facto é que os miúdos hoje em dia não têm nada disso, e são cada vez mais amorfos… um espelho da nossa sociedade? Nós os adultos somos como estes miúdos, passamos a nossa vida nesta busca incessante de sucesso e reconhecimento … e depois esquecemo-nos de nós próprios, só vivemos para o relógio que é o grande ditador das nossas vidas. Pouco tempo sobra para comer em condições durante o dia… o pequeno-almoço no carro e a caminho do trabalho…uma sandes de fugida na hora de almoço…o jantar uma coisa rápida ou nada porque não há pachorra para cozinhar. Passamos muito tempo sem ter tempo para nos sentarmos e ter uma refeição digna desse nome… triste não?
Hoje dou-vos uma dica para apreciarmos o simples prazer de nos sentarmos…comer… beber… e ouvir uma boa música… façam o favor de ter à mão:
– Pimentos padrón;
– Alho;
– Azeite;
– Sal;
– Lombos de porco fatiados;
– Limão;
– Alecrim fresco ( encontram em qualquer grande superfície);
– Mostarda;
Vamos começar pelo denominador picante … agarramos nuns quantos pimentos padrón ( se gostarem tanto como eu 1 kg :P), e colocamo-los numa frigideira com um fio de azeite e uns dentes de alho esmagados ( não precisam de os descascar). Deixamos fritar os pimentos até ficarem mais ou menos crestados, um pouco de sal, apagamos o lume e deixamos à parte.
Passamos ao outro denominador os lombos de porco ( eu faço isto com lombos, mas também resulta lindamente com bifanas e com costeletas) , temperamos com sal; raspa de limão e umas quantas folhas de alecrim fresco, depois ponham na frigideira com um pouco de azeite e deixem alourar… antes de estarem completamente cozinhadas adicionem uma colher de chá de mostarda e sumo de limão, deixem secar ligeiramente e sirvam de seguida com os pimentos.
O gozo que me dá nisto são os pimentos … são uma lotaria … um pode sair picante e outro nem por isso 🙂
Divirtam-se e esqueçam o relógio 🙂